Balu Mágico Football Club

Desde 2006 este site é dedicado ao maior fenômeno futibolístico de todos os tempos: O Balu Mágico Football Club. Apoiado na cultura do futebol contra-hegemônico, onde encontra na seleção do Timor Leste de futsal seu maior expoente, este time conquista cada vez mais fãs com seu futebol mambembe.

25.12.07

FELIZ NATAL


Natal, ah, Natal!
Época de paz na Terra aos homens, de boa vontade, de má vontade, de vontade de enforcar o maldito que inventou aquelas luzinhas que piscam e tocam musiquinha. Natal é época de amor, de tranqüilidade, muitas vezes eterna, quando vem a fatura do cartão de crédito em janeiro.
Ah o Natal, com seus papais noéis gorduchos e barbudos, de faces rosadas e jeito bonachão, como um típico cidadão latino-americano. E aquelas barbas brancas tão lindas, feitas de nylon que agarram na roupa das crianças que vão abraçá-los. As crianças, aliás, continuam acreditando em Papai Noel, mas a imagem que têm na cabeça é a de um fornecedor de brinquedos importados que os pais delas compram. Provavelmente pensam que a Lapônia fica no Paraguai ou na China.
Ah o Natal, com suas musiquinhas alegres e divertidas que tocam uma, duas, três bilhões de vezes, seja nas árvores musicais, seja nos anúncios de TV, seja nos carros de som ou naquelas maravilhosas bandinhas desafinadas compostas de músicos aposentados que são contratados pelas lojas, perto do Natal e longe da melodia. O melhor é que as músicas são tipicamente sul-americanas, como "We Wish You A Merry Christmas", "O Tannebaum" e "Santa Claus Is Coming To Town". Ninguém canta mais "Dingobel, acabou papel", só "Jingle bell, jingle all the way". Sinal da globalização!
Ah o Natal, com as maravilhosas brincadeiras de amigo oculto - que já deixou de ser oculto há muito tempo -, em que as listas de presentes podem ter qualquer coisa, desde que seja do shopping Oi.
Ah o Natal, com os enfeites das portas das casas, daqueles que são tão grandes que quando a gente passa por eles, inevitavelmente esbarra e derruba algumas folhas de plástico no chão. A gente e todas as visitas, o porteiro, o carteiro e o entregador de jornal, formando um verdadeiro gramado no tapete.
Ah o Natal, com as lojas cheias! Cheias de gente! Vazias de presentes decentes, obrigando a gente a comprar qualquer porcaria. Mas cheias de gente! Gente mal-educada, que berra, empurra, fala no celular, pergunta o preço da pasta de dente, e continua falando alto, briga com a criança, briga com o caixa, briga com a gente, derruba mercadoria no chão, fica parada pensando no presente que vai comprar para a cunhada do vizinho da prima, parada bem na nossa frente. "Dá licença?" é expressão desconhecida.
Ah o Natal, com as bolinhas de árvore de natal que quebram à toa! E com as pecinhas de presépio que quebram à toa! E com os bibelôs que aqueles parentes que voltaram de viagem dão para a gente, a pretexto do Natal. E quebram à toa! Tanto os parentes quanto os bibelôs.
Ah o Natal, com as mensagens SPAM de árvores feitas de "Feliz Natal" em 87 línguas, com os cartões de 1,5Mb que enviam por attachment, com os e-mails de empresas que nunca vimos na vida desejando boas festas, igrejas evangélicas, serviços de entrega de flores, provedores. Todos com "preços promocionais de Natal" que, curiosamente, duram até abril, maio, junho....
Ah o Natal, com as nozes, castanhas, avelãs e pistaches que nos incentivam a comer, que de tão gordurosos são próprios para países frios em épocas frias, não para o hemisfério sul em pleno verão. E na noite de Natal, quente como o que, vem aquele peru suculento, jorrando gordura por todos os lados, igualmente quente, o que é muito adequado ao nosso clima.
Ah o Natal, com os envelopinhos dos entregadores de revistas e jornais, e de porteiros e faxineiros, e de boys e contínuos, os mesmos que nos trataram tão mal o ano inteiro, chegaram atrasados, arranharam nosso carro, amassaram nossa revista tentando enfiá-la por baixo da porta, fizeram tudo de má vontade e ainda têm a cara de pau de pedir gratificação de fim de ano.
Ah o Natal, com músicas bregas e chatas, com filas e filas nas lojas, com doces melados e gosto artificial, com aquele presente lindo de sua tia que só te vê uma vez por ano, embalado num papel de embrulho infantil, num pacote grande, que aparenta ser um bom livro ou qualquer coisa útil e de bom gosto, mas que dentro tem outro pacote, e outro, e outro, e dentro dele uma linda meia cor-de-abóbora com listras vermelha, que ainda por cima não cabe em você.
Feliz Natal para todos vocês!